No Mapa abaixo comparamos a proposta do Substitutivo (aprovada pela Comissão de Política Urbana) ao projeto original do executivo. Verifica-se que os eixos de transformação com CA 4,0 e que induzem à verticalização predatória continuam liberados, e que os casos mais graves são os eixos (ilegais) no interior das áreas de mananciais, que ainda não foram retirados da proposta. A área anterior (projeto do executivo) a ser verticalizada pelos eixos representava 10,8 % da área do município, e no substitutivo esses eixos no conjunto representam 5,7% da área do município. Em termos de construções adicionais serão aproximadamente 87 milhões de m² de terrenos verticalizáveis e representam cerca de 200 milhões de m² de construções adicionais computáveis e a serem adquiridas pelo mercado por compra mediante outorga onerosa, isso se considerarmos e excluirmos as construções já existentes na área.Nessas áreas estão incluídas, cerca de 65 raios de estações de metrô com seus entornos liberados para a verticalização e sem projeto urbano ou avaliação de impacto ambiental. Uma Nova Cidade (Nova Manhatam?) sem projeto urbanístico algum! A aparente redução de verticalização realizada pelo substitutivo revela entretanto, uma nova área colocada à disposição do mercado por meio de Operações Urbanas, o chamado Arco do Futuro, que de acordo com a proposta do plano poderá receber coeficientes acima de 4 vezes a área dos terrenos e sem regras normativas claras. Trata-se de um Plano dentro do Plano (Um cavalo de tróia!) de que demanda uma avaliação ambiental estratégica previamente à sua aprovação e normas claras de regulação urbanística, antes de transformar essa área como pretendem os autores desse megaprojeto, e antes de submeter essa área interesse do mercado imobiliário. Enfim, apesar do Substitutivo conter boas propostas para o setor habitacional popular e a manter aspectos ambientais importantes para a cidade, essas propostas são utilizados demagogicamente para levarem conjuntamente uma bomba urbanística, apresentada para os próximos dez anos para nossa São Paulo, já em crise de mobilidade urbana e de sustentabilidade. A quem interessa isso tudo?
É preciso separar o joio do trigo, antes de entregar esse verdadeiro presente para o mercado imobiliário. Tudo em nome de um aumento da arrecadação na cidade?
Citando REM KOOLHAAS em Nova York Delirante, que cabe bem para ilustrar o delírio acima:
“Os conceitos de “retícula” e de “congestão urbana”, o máximo de racionalismo e adensamento para alcançar “uma liberdade sem precedentes”, de fascínio pelo cenário tecnológico e pela busca incessante do prazer, de valorização de uma realidade construída segundo os interesses de incorporadores, visionários, empresários do entretenimento, políticos e arquitetos, são a base para seus argumentos e o insight para aquilo que ele chama de delírio. Na malha urbana, a quadra foi totalmente edificada num arranha-céu, “uma cidade dentro de outra cidade”, um gesto megalomaníaco próprio do mundo industrial das primeiras décadas do século XX.“
Mas extemporâneo em tempos de busca pela sustentabilidade…..
A Nova Vila Madalena Proposta com Prédio de Até 40 andares:
O Delírio…..O Cavalo de Tróia – Um “Plano” dentro do Plano Diretor.
Ivan , parabéns pelo artigo e pelas lúcidas colocações . Estamos a um passo da ocorrência de um estrago irreparável em nossa cidade . Infelizmente o processo de divulgação e debate desse texto , em virtude de um calendário imposto por questões políticas , omitiu e não possibilitou ao cidadão o pleno acesso as informações e a compreensão de questões cruciais como as que vc colocou aqui !
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Vamos continuar denunciando esse delírio urbanístico.Mesmo, se formos derrotados, a verdade e os efeitos não vão tardar aparecer e isso terá que ser sanado! A guerra continua
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Ivan, na minha simples visão acho que todo este comprometimento com o mercado imobiliário é uma questão do financiamento de campanha eleitoral, enquanto não regularmos isto , a nossa Cidade estará comprometida, pois não sai de graça este investimento e quem paga somos nos , com o abusivo custo do m² aplicado nos preços dos imóveis e cada vez mais se exclui a camada menos privilegiada ! uma frustação ver que a nossa cidade é só uma questão de negociação de poderosos .obrigada pela lucida explanação e vamos a luta . Denunciar sempre.
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Prezada Maria Laura é realmente o que parece: finaciamento de campanha, e desespero para arrecadação face à dívida da cidade. Disso gerou-se um plano imobiliario. Mas, é um crime, comprometer o futuro da cidade dessa forma, com uma roupagem delirante, baseada em idéias genéricas e apresentadas sem nenhuma avaliação de impactos. É um fato assustador!
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Lamentavelmente a pressão imobiliária guia os rumos do desenvolvimento urbano, e não o interesse público.
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